Análise de 12 coortes de AVC isquêmico agudo identifica locais estratégicos de infarto para comprometimento cognitivo pós-AVC

O comprometimento cognitivo pós-AVC (CGPA) ocorre em aproximadamente metade das pessoas no primeiro ano após o AVC. A localização do infarto é um determinante potencial de CGPA, mas um mapa abrangente de localizações estratégicas de infarto preditivas de CGPA não está disponível.

O objetivo desta análise, publicada no The Lancet Neurology, foi identificar os locais de infarto mais fortemente preditivos de comprometimento cognitivo após acidente vascular cerebral isquêmico agudo e usar essas informações para desenvolver um modelo de previsão.

Neste estudo multi-coorte de grande escala de mapeamento de lesão-sintoma, reuniu-se e harmonizou-se dados individuais do paciente de 12 coortes por meio do consórcio Metanálises em Localizações Estratégicas de Lesão para Deficiência Cognitiva Vascular usando o Mapeamento de Lesão-Sintoma (Meta VCI Map).

As coortes identificadas (a partir de 1º de janeiro de 2019) incluíram pacientes com infartos sintomáticos agudos em tomografia computadorizada ou ressonância magnética (com segmentações de infarto disponíveis) e uma avaliação cognitiva em até 15 meses após o início do AVC isquêmico agudo.

O CGPA foi definido como desempenho inferior ao quinto percentil dos dados normativos locais, em pelo menos um domínio cognitivo em uma avaliação neuropsicológica de vários domínios ou na Avaliação Cognitiva de Montreal.

O mapeamento de lesão-sintoma baseado em voxel (MLSV) foi usado para calcular os odds ratios (ORs) baseados em voxel para CGPA que foram mapeados em um modelo cerebral tridimensional para visualizar o risco de CGPA por local. Para o modelo de predição de risco de CGPA, uma pontuação de impacto da localização em uma escala de 5 pontos foi derivada dos resultados de MLSV com base no coeficiente médio de voxel (ln [OR]) dentro do infarto de cada paciente.

Foi feita validação interna-externa combinada por validação cruzada deixando uma coorte de fora para todas as 12 coortes usando regressão logística.

O desempenho preditivo de um modelo univariável com apenas a pontuação de impacto da localização foi comparado com um modelo multivariável com adição de outros preditores clínicos de CGPA (idade, sexo, educação, intervalo de tempo entre o início do AVC e avaliação cognitiva, histórico de AVC e volume total do infarto).

O teste de avaliações visuais foi feito por três médicos, e a precisão, a confiabilidade interexaminador e a confiabilidade intraexaminador foram avaliadas com o kappa ponderado de Cohen.

Nessa amostra de 2.950 pacientes (idade média de 66,8 anos [DP 11,6]; 1.157 [39,2%] mulheres), 1.286 (43,6%) tinham CGPA. Conseguiu-se uma alta cobertura de lesões cerebrais nas análises (86,9%).

Infartos nos lobos frontotemporais esquerdos, tálamo esquerdo e lobo parietal direito foram fortemente associados com CGPA (após a correção da taxa de descoberta falsa, q <0,01; ORs em voxel >20).

Na validação cruzada, a pontuação do impacto da localização mostrou boa correspondência, com base na avaliação visual da qualidade do ajuste, entre o risco previsto e observado de CGPA entre as coortes após o ajuste para ocorrência de CGPA específica da coorte.

As validações cruzadas mostraram que a pontuação do impacto da localização por si só teve desempenho semelhante ao modelo combinado com outros preditores de CGPA, enquanto permitindo uma avaliação visual fácil.

Portanto, o modelo univariável com apenas a pontuação do impacto da localização foi selecionado como o modelo final.

Correspondência entre as avaliações visuais e a pontuação do impacto da localização real (kappa ponderado de Cohen: intervalo 0,88-0,92), concordância interexaminador (0,85-0,87) e concordância intraexaminador (para um único avaliador, 0,95) estavam todos altos.

Até onde se sabe, este estudo fornece o primeiro mapa abrangente de localizações estratégicas de infarto associadas ao risco de comprometimento cognitivo pós-AVC. Uma pontuação de impacto da localização foi derivada deste mapa que previu de forma robusta o CGPA em todas as coortes.

Além disso, desenvolveu-se uma escala de avaliação visual rápida e confiável que pode no futuro ser aplicada por médicos para identificar pacientes individuais em risco de comprometimento cognitivo pós-AVC.

Fonte: The Lancet Neurology, publicação em 23 de abril de 2021.

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