A vacina contra o coronavírus produzida pela Johnson & Johnson (Janssen Farmacêutica) parece ser muito menos eficaz contra as variantes Delta e Lambda do que contra o vírus original, de acordo com um novo estudo publicado online em 20 de julho de 2021, na plataforma bioRxiv.
Embora preocupantes, as descobertas resultam de experimentos conduzidos com amostras de sangue em um laboratório e podem não refletir o desempenho da vacina no mundo real. Mas as conclusões acrescentam evidências de que os 13 milhões de pessoas inoculadas com a vacina da Janssen podem precisar receber uma segunda dose – idealmente de uma das vacinas de RNAm feitas pela Pfizer-BioNTech ou Moderna, disseram os autores.
As conclusões estão em desacordo com as de estudos menores publicados pela Johnson & Johnson no início deste mês, sugerindo que uma única dose da vacina é eficaz contra a variante mesmo oito meses após a inoculação.
O novo estudo ainda não foi revisado por pares nem publicado em uma revista científica. Mas é consistente com as observações de que uma única dose da vacina da AstraZeneca – que tem uma arquitetura semelhante à da Janssen – mostra apenas cerca de 33% de eficácia contra doença sintomática causada pela variante Delta.
O aumento da prevalência de variantes do SARS-CoV-2 levantou preocupações sobre possíveis diminuições na eficácia das vacinas.
Nesse contexto, o estudo fez a comparação de concentrações de anticorpos neutralizantes produzidos por vacinas baseadas em RNAm e uma vacina baseada em vetor adenoviral contra as variantes do SARS-CoV-2.
Os anticorpos desencadeados pelas vacinas BNT162b2 (Pfizer) e mRNA-1273 (Moderna) mostraram resistência de neutralização modesta contra variantes Beta, Delta, Delta plus e Lambda, enquanto os anticorpos desencadeados pela vacina Ad26.COV2.S (Janssen) de uma fração significativa de indivíduos vacinados eram de baixa concentração de neutralização (IC50 <50).
O Dr. Nathaniel Landau, virologista da Grossman School of Medicine, da New York University, que liderou o estudo, e seus colegas analisaram amostras de sangue coletadas de 17 pessoas que haviam sido imunizadas com duas doses de uma vacina de RNAm e 10 pessoas com uma dose da vacina da Janssen.
A vacina da Janssen começou com uma eficácia mais baixa do que as vacinas de RNAm e mostrou uma queda maior na eficácia contra as variantes Delta e Lambda.
Os dados do estudo ressaltam, portanto, a importância da vigilância para infecções emergentes que resultam em COVID-19 grave e sugerem o benefício de uma segunda imunização após receber a vacina Ad26.COV2.S para aumentar a proteção contra as variantes.
Fontes:
bioRxiv, publicação em 19 de julho de 2021.
The New York Times, notícia publicada em 20 de julho de 2021.